O jogo com o texto literário no ensino médio

uma experiência com “Morte e Vida Severina”, de João Cabral de Melo Neto

Autores

  • Silvio Nunes da Silva Júnior Universidade Federal de Alagoas https://orcid.org/0000-0003-1753-399X
  • Aline Barbosa de Almeida Cechinel Colégio Paulo de Tarso
  • Douglas Gonçalves de Souza Universidade Estadual de Alagoas
  • Eliana Kefalás Oliveira Universidade Federal de Alagoas
  • Eliane Bezerra da Silva Universidade Estadual de Alagoas
  • Islane Rafaelle Rodrigues França Escola SESI/SENAI
  • Rosangela Nunes de Lima Instituto Federal de Alagoas

DOI:

https://doi.org/10.48017/dj.v7i4.2366

Palavras-chave:

Letramento Literário, Sala de Aula, Ensino Médio, Transgressão

Resumo

O modo como o texto literário tem chegado às salas de aula tem sido um desafio quando se trata de formação escolar do leitor literário. Muitas das vezes, o ensino da literatura acaba se restringindo a uma dimensão mais categorizante, deixando em segundo plano o contato efetivo com o literário. Na tentativa de contribuir com a desconstrução desse paradigma, o presente estudo tem o objetivo de apresentar uma experiência pedagógica desenvolvida com o livro Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, em uma turma de Ensino Médio de uma escola de esfera privada de Maceió-AL, tendo como metodologia de ensino a perspectiva do jogo com o texto literário. O embasamento teórico-metodólogico do qual partimos está subdividido em três blocos: a questão do letramento literário numa perspectiva social (COSSON, 2016, 2014, 2020); o conceito de transgressão de sentidos do texto (ISER, 2013) e a compreensão dialógica, concreta e viva da língua/linguagem, bem como a noção de compreensão responsiva ativa (BAKHTIN, 2011; VOLÓCHINOV, 2017), de ato responsável (BAKHTIN, 2012) e relação dialógica (BAKHTIN, 2011). Dentro de uma metodologia qualitativa/interpretativista, as análises da experiência em sala de aula apontam que o jogo com o texto possibilitou que os sentidos construídos transgredissem os sentidos dos textos e abrangessem as realidades vivenciadas pelos alunos. Desse modo, houve a aproximação entre os alunos e a arte literária e, consequentemente, a ruptura com a ideia naturalizada de que estudar literatura se restringe à memorização de datas, características e nomes de autores e suas respectivas divisões escolásticas.

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Biografia do Autor

Silvio Nunes da Silva Júnior, Universidade Federal de Alagoas

Doutor e mestre em Linguística pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Estágio pós-doutoral na Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Professor substituto da UFAL e da Universidade de Pernambuco (UPE) e professor efetivo da Prefeitura Municipal de Palmeira dos Índios/AL.

Aline Barbosa de Almeida Cechinel, Colégio Paulo de Tarso

Possui graduação em letras/ língua portuguesa pela Universidade Estadual de Alagoas (2012), mestrado em Linguagem e Ensino pela Universidade Federal de Campina Grande (2015) e doutorado em Letras pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2021). É integrante do grupo de pesquisa Formação de professores e as relações entre as práticas educativas em leitura, literatura e avaliação do texto literário (CNPq/FCT-UNESP) coordenado pela Prof.ª Dra. Renata Junqueira de Souza. Atualmente é voluntaria na área de educação (capacitadora) - Amigos do Bem. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Letras, atuando principalmente nos seguintes temas: literatura, leitor, recepção, ensino e educação e literatura juvenil contemporânea.

Douglas Gonçalves de Souza, Universidade Estadual de Alagoas

Docente de Linguística e de Latim da Universidade Estadual de Alagoas. É licenciado em Letras (Português/Latim) pela UFF (2013), mestre em Estudos da Linguagem pela mesma Instituição (2015) e mestre em Letras Clássicas (com ênfase em Língua e Literatura Latina) pela Universidade Federal Rio de Janeiro. É doutorando do Programa de Pós-Graduação em Letras da UEM, na área de concentração em Estudos Linguísticos. É professor credenciado no Programa de Pós-Graduação Lato Sensu em Letras, na UFF, atuando no Curso de Especialização em Cultura, Língua e Literatura Latina. Integra os Grupos de Pesquisa: " O Texto Latino: abordagens linguísticas, históricas e literárias", certificado no CNPq, e "Centro de Estudos Intedisciplinares da Antiguidade" (CEIA/UFF). Lidera o grupo de pesquisa "Camenae: composições poéticas da Roma Antiga", sediado na Uneal e também cadastrado no CNPq. Interessa-se por estudos relacionados à epigrafia latina, ao gênero elegíaco, ao gênero trágico, à morfossintaxe da língua latina, à linguística histórica, à linguística funcional (gramaticalização e construcionalização) e à linguística textual.

Eliana Kefalás Oliveira, Universidade Federal de Alagoas

Doutora em Letras pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP (2009) com doutorado sanduíche na Universidade de Barcelona, mestra em Educação (na área de Educação, Conhecimento, Linguagem e Artes) pela Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP (2003), graduada em Licenciatura e Bacharelado em Letras pelo Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP (1996). Docente da Faculdade de Letras (FALE) da Universidade Federal de Alagoas - UFAL. Coordenou a Casa de Cultura Luso-Brasileira entre 2015 e 2017. Foi vice-diretora da Faculdade de Letras entre 2020 e 2022. Atuou no Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Alagoas entre 2013 e 2015. Atualmente é docente do Profletras - FALE/UFAL. Atua, principalmente, nas áreas de ensino de língua portuguesa; formação do leitor; leitura, voz e corpo; literatura infanto-juvenil; leitura e produção de textos.

 

Eliane Bezerra da Silva, Universidade Estadual de Alagoas

Doutoranda em Ciências da Educação pela Universidade Autônoma de Assunção - UAA. Mestra em Letras área de concentração em Literatura Brasileira pela Universidade Federal de Alagoas - (PPGLL/UFAL). Especialista em Literatura Brasileira pela Universidade Federal da Paraíba - (PPGL/ UFPB) e Graduada em Letras pela Universidade Estadual de Alagoas - UNEAL. É Professora Assistente da Universidade Estadual de Alagoas, Campus I, Arapiraca, Alagoas; atuando tanto na Graduação em Letras quanto na Especialização em Linguagem/Eixo Literário. Coordenadora da Especialização em Linguagem e líder do Grupo de Estudos das Narrativas Alagoanas - (GENA/CNPq/UNEAL). Integra, como pesquisadora associada, o Programa Literatura em Rede (Leitura Literária na Escola: bildung, experiências e propostas na educação básica), na representação do estado de Alagoas, tendo como sede o Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade Federal da Paraíba (DLCV/PPGL - UFPB). Membro do Grupo de Estudos Discurso, Ensino e Aprendizagem de Línguas e Literaturas (GEDEALL/CNPq/UFAL) e do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Literatura Alagoana - NELA/CNPq/UFAL. Atualmente realiza pesquisa na área de Letras , com ênfase em Literatura, ensino e formação do leitor, atuando nos seguintes temas: personagem, narrativa, oralidade e letramento literário.

Islane Rafaelle Rodrigues França, Escola SESI/SENAI

Mestra em Estudos Linguísticos, com ênfase em Linguística Aplicada, pela Universidade Federal de Alagoas - Ufal. Possui graduação em Letras com habilitação em Língua Portuguesa pela mesma universidade. Em 2020, passou a ser integrante do Grupo de Estudos das Narrativas Alagoanas (GENA/Uneal). Desde 2012 é integrante do "Grupo de Estudos Discurso,Ensino e Aprendizagem de Línguas e Literaturas" (GEDEALL/Ufal).No ano de 2015, ganhou excelência acadêmica com um de seus projetos de pesquisa. Durante esse mesmo ano estagiou na Coordenação de Arte e Cultura, mais especificamente no departamento de literatura, no Serviço Social do Comércio - SESC-AL. Em 2016, fez parte de um projeto de extensão pela Ufal, no qual atuou como professora de Leitura e Produção Textual na Casa de Cultura Luso-Brasileira. Tem experiência na área de Linguística Aplicada, e, atualmente, desenvolve pesquisas principalmente nos seguintes temas: mídia, dialogismo, leitura literária e ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa e Literatura.

Rosangela Nunes de Lima, Instituto Federal de Alagoas

Possui graduação em Letras, Português-Inglês, Universidade Federal de Alagoas (2002). Especialista em Psicopedagogia, Universidade Estadual de Alagoas (2004). Mestre em Letras, área de concentração: Língua inglesa e suas literaturas, UFAL(2007). Doutorado em Linguística, UFAL (2014). Experiência na área de Letras, com ênfase em ensino de Língua Inglesa, Linguística Aplicada ao ensino de línguas, Metodologia de Ensino de Língua Inglesa. Atualmente é professora de inglês do Instituto Federal de Alagoas - Campus Batalha. Avaliadora do INEP/MEC, de cursos de graduação, integrante do Banco de Avaliadores do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior - BASis.

Referências

BAKHTIN, M. M. (2012). Para uma filosofia do ato responsável. Trad. de Valdemir Miotello e Carlos Alberto Faraco. 2. ed. São Carlos: Pedro & João Editores.

BAKHTIN, M. M. (2011). Estética da criação verbal. Trad. P. Bezerra. 5. ed. São Paulo: Martins Fontes.

CANDIDO, A. (2004). O direito à literatura. In: CANDIDO, A. Vários Escritos. Rio de Janeiro: Duas cidades.

COSSON, R. (2014). Círculos de Leitura e Letramento Literário. São Paulo: Contexto.

COSSON, R. (2016). A prática da leitura literária na escola: mediação ou ensino? NUANCES, v. 26, p. 161-173.

COSSON, R. (2020). Leitura compartilhada: uma prática de letramento literário. Interdisciplinar, v. 33, p. 13-29.

DI FANTI, M. G. C. (2003). A linguagem em Bakhtin: pontos e pespontos. VEREDAS - Rev. Est. Ling, Juiz de Fora, v.7, n.1 e n.2, p.95-111, jan./dez.

ISER. W. (2013). O fictício e o imaginário: perspectivas de uma antropologia literária. Tradução de Johannes Kretschmer. 2 ed. Rio de Janeiro: Ed. UERJ.

MELO NETO, J. C. (1955). Morte e vida severina. São Paulo: TUCA.

SOBRAL, A. U. (2009). O conceito de ato ético de Bakhtin e a responsabilidade moral do sujeito. Bioethikós (Centro Universitário São Camilo), v. 3, n. 1, p. 121-126.

SOUZA, R. J.; COSSON, R. (s/d). Letramento Literário: uma proposta para a sala de aula. Conteúdo e Didática de Alfabetização. Disponível em <https://acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/40143/1/01d16t08.pdf> Acesso em 12. Jun. 2022.

VOLÓCHINOV, V. (2017). Marxismo e filosofia da linguagem: Problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. Trad. Sheila Grillo e Ekaterina Vólkova Américo. São Paulo: Editora 34.

Arquivos adicionais

Publicado

2022-10-10

Como Citar

Silva Júnior, S. N. da, Cechinel, A. B. de A., Souza, D. G. de, Oliveira, E. K., Silva, E. B. da, França, I. R. R., & Lima, R. N. de. (2022). O jogo com o texto literário no ensino médio: uma experiência com “Morte e Vida Severina”, de João Cabral de Melo Neto. Diversitas Journal, 7(4). https://doi.org/10.48017/dj.v7i4.2366