A Cidade na pandemia da Sars Cov-19:
a agonização do Flâneur e a sobrevivência do trapeiro
DOI:
https://doi.org/10.48017/dj.v7i1.1875Resumo
Esse texto tem como principal propósito discutir a situação da cidade e de sua passagem de lugar de consumo para lugar de resiliência, culminando na morte da flanérie. A partir de um olhar benjaminiano, procura-se construir um diálogo entre a filosofia de Walter Benjamim, a Geografia e a Literatura como uma condição de possibilidade desse novo momento do urbano durante a pandemia da covid-19. Buscou-se no pensamento de Walter Benjamim algumas reflexões acerca da situação do homem moderno na Paris de Charles Baudelaire, em que o filósofo oferece um conjunto de imagens e diagramas desse poeta lírico moderno – esgrimista, boêmio, flâneur, detetive, trapeiro, jogador e prostituto –, a fim de que possamos ler a cidade e suas imagens nesse momento de pandemia, na geografia poética do espaço urbano. Elas são as imagens que formam a constelação da tarefa heroica ou anti-heroica do poeta que elegeu a alegoria como a forma singular de tratar da modernidade, nesse caso ressaltando a figura do flâneur e do trapeiro como o alegorista representante da modernidade na capital do consumo, a Paris do século XIX. Assim, pousaremos o olhar na figura do flâneur e no seu desaparecimento no momento pandêmico e na condição de resiliência do sistema urbano e suas perturbações.
Palavras-chave: Cidade. Modernidade. Mercadoria. Capitalismo
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