Moluscos e larvas de trematódeos em área não endêmica para a esquistossomose mansoni
DOI:
https://doi.org/10.17648/diversitas-journal-v6i1-1497Palabras clave:
Malacofauna, Schistosoma mansoni, Doenças parasitáriasResumen
A esquistossomose é uma relevante doença para a saúde pública do Brasil e de Alagoas, sendo importante a investigação da presença da doença em áreas endêmicas e não endêmicas para o progresso de erradicação desse agravo. Assim, o objetivo do estudo foi realizar uma investigação dos moluscos e das larvas de trematódeos em uma área não endêmica para a esquistossomose mansoni. O estudo foi realizado em Santana do Ipanema, Alagoas, por meio da captura dos caramujos no riacho Camoxinga e análise da positividade para larvas de trematódeos, incluindo larvas do Schistosoma mansoni, agente etiológico da esquistossomose mansoni. Além disso, foi realizada a análise da constância de captura das espécies e da influência dos períodos de estiagem e de chuva e da precipitação média mensal sobre a abundância das espécies de caramujos, para o período de agosto de 2018 a julho de 2019. Em todo período, foram capturados 2.431 caramujos, estando 443 (18,2%) mortos. Os animais capturados vivos (1.988) pertenciam às espécies Biomphalaria straminea (Dunker, 1848) (Planorbidae) (989; 40%), Melanoides tuberculatus (Müller, 1774) (Thiaridae) (792; 32%), Pomacea lineata (Spix, 1827) (Ampullariidae) (133; 5,4%), Drepanotrema depressissimun (Moricand, 1839) (53; 2,18%), Physa marmorata (Guilding, 1828) (19; 0,78%) e Cyanocyclas brasiliana (Deshayes, 1854) (2; 0,03%). Além disso, B. straminea e M. tuberculatus foram as espécies constantemente coletadas e que apresentaram status de abundantes para a área de estudo. Em relação as duas espécies de maior constância e abundância na área de estudo, B. straminea e M. tuberculatus não foi possível estabelecer relação entre a abundância dos animais e o período de coleta (chuvoso ou seco, p = 0.2336). O maior número de animais foi capturado nos meses de junho e julho de 2019 para B. straminea e M. tuberculatus, respectivamente. O aumento no número de animais coletados começou a ocorrer com o aumento dos índices pluviométricos janeiro a abril de 2019 com uma redução das chuvas e da abundância dos animais em maio de 2019 seguida de uma posterior elevação nos dois parâmetros, até o fim do período estudado. Constatou-se uma relação linear entre a pluviosidade e a abundância dos caramujos da espécie B. straminea. A análise da infecção dos animais coletados por larvas de trematódeos mostrou que nenhum animal da espécie B. straminea estava infectado por larvas do Schistosoma mansoni. Por outro lado, foi diagnosticado caramujos das espécies B. straminea, D. depressissimun e M. tuberculatus eliminando cercárias das espécies Longifurcate pharyngeate distome – Estregeocercária, Echinocercária sp. e Xiphidiocercaria que foram liberadas do molusco M. tuberculatus, D. depressissimum e B. straminea. Esta pesquisa notifica a distribuição de diferentes espécies de caramujos sendo o primeiro relato da presença dos moluscos M. tuberculatus, D. depressissimum, Physa marmorata, Pomacea insularum, Cyanocyclas brasiliana no Riacho Camoxinga, demonstrando a importância de estudos da malacofauna em área não endêmicas para a esquistossomose para assim promover a prevenção e controle desses animais de importância médica, uma vez que estes invertebrados podem atuar como hospedeiros intermediários de trematódeos.
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