v. 6 n. 4 (2021): Realidades da educação na Pandemia Sars-Covid 19
REALIDADES DA EDUCAÇÃO NA PANDEMIA SARS-COVID-19
Desde os anos 1990, o setor de educação vem passando por profundas mudanças, a reboque das transformações ocorridas na estrutura produtiva, com distintos padrões de modernização setorial. A acelerada reestruturação do sistema de produção capitalista acentuou o abismo entre o topo e a base da pirâmide social, à medida que o acesso ou as barreiras de acesso a equipamentos e redes de transmissão de dados definiram um novo padrão de exclusão social.
A Covid-19 acelerou o processo de transição de atividades presenciais para o teletrabalho, ignorando-se as barreiras estruturais de acesso a equipamentos e plataformas digitais, além do tempo de aprendizado para manuseio das novas ferramentas. Na educação, são questionáveis os resultados qualitativos da formação em todas as etapas do ensino. Ademais, as novas barreiras digitais asseguram vantagem competitiva a moradores da área urbana, com renda mais elevada e maior grau de escolaridade, aprofundando a exclusão social.
Ainda não é possível avaliar com acuidade todos os efeitos dessa aceleração forçada, tampouco esta coletânea esgota o debate, embora traga uma excelente contribuição à compreensão do fenômeno, problematizando o processo à luz das dimensões social, cultural, política e econômica. É possível medir a qualidade do ensino comparativamente à fase pré-pandemia? Pela perspectiva dos profissionais da educação, é possível dimensionar a intensificação do trabalho, o tamanho real da jornada, o grau de invasão domiciliar e os efeitos sobre sua saúde física e mental dos envolvidos? Qual o alcance das aulas remotas, nas diferentes regiões do país? Convidamos você a embarcar nessa viagem reflexiva. Boa leitura.
Luciana Caetano da Silva[1]
[1] Professora da FEAC/UFAL e pesquisadora líder do GDIMT - Grupo de Pesquisa Dimensões e Dinâmica do Mundo do Trabalho.